sexta-feira, 27 de março de 2015

O Pequeno Sam

13 de Maio, 1996

Meu nome é Brienne, tenho 15 anos e tenho o sonho de me tornar escritora daqui alguns anos. Decidi escrever este diário para praticar minha escrita e passar o tempo.

Minha família é grande, tenho três irmãos e moramos com nossos pais em uma casa humilde, mas grande o suficiente para todos nós.

Amanhã meu irmão Sam completará sete anos de idade, será um longo dia.

14 de Maio

Hoje acordamos bem cedo, fomos ao zoológico, em uma lojinha infantil entediante e depois comemos um bolinho em homenagem ao Sam. Meus aniversários nunca são legais assim.

Parece que meu irmãozinho se apaixonou por um livro infantil que ganhou de um tio qualquer.

15 de Maio

Como eu odeio o Domingo!

Tivemos que ir almoçar na casa da vovó Lianne, a única pessoa que foi realmente feliz pra lá foi o Sam, que não desgruda do estúpido livro. O livro, além de velho, tem desenhos mal feitos e uma leitura estranha.

20 de Maio

Tem sido uma semana corrida aqui em casa. Meu irmão mais velho caiu da escada enquanto descia do quarto para a sala e está internado, meu pai tem estado irritado esses dias, meu outro irmão vive trancado no quarto, mamãe está muito abatida e Sam não desgruda do livro nem pra tomar banho.

23 de Maio

Estamos sem notícias sobre o estado de saúde de Martin, meu irmão que caiu da escada. Tenho certeza que os médicos estão escondendo algo da gente. Encontrei Tom, meu irmão do meio, chorando ontem. Ele anda afastado de todos, mamãe está arrasada.

30 de Maio

Minha vida está desmoronando.

Martin está morto, assim como Tom. Tudo em apenas uma semana, não sei de onde estou tirando forças para escrever.

Sobre Tom, ele foi encontrado morto no quarto. Mamãe bateu na porta depois de ouvir um barulho muito alto e lá estava ele, estirado no chão. No relatório diz suicídio, um absurdo.

Martin não resistiu aos ferimentos de um simples tombo da escada, tudo isso está muito confuso.

02 de Junho

Como se tudo que vem acontecendo não bastasse, mamãe e papai brigaram feio e se separaram. Consegui ouvir do meu quarto parte da conversa em que papai dizia que Sam precisava de tratamento psicológico.

Eu teria ouvido mais se Sam não estivesse gritando “FORA!” durante a discussão.

04 de Junho

Nunca me senti tão sozinha. Meus irmãos (exceto Sam) estão mortos, papai saiu de casa e não entra mais em contato, mamãe parece cada dia mais esgotada e parece que só tem o Sam de filho. Já Sam, nunca o vi mais estranho, ele parece estar me seguindo por todos os cômodos. Jamais me esquecerei de ontem, quando pedi pra ver seu livro, ele se encheu de fúria e gritou algo como: “Não me chame de Sammy e nunca toque em meu livro!”

O mais estranho disso tudo, foi que mamãe viu ele gritando desse jeito comigo e apenas abaixou a cabeça e o levou para o quarto.

Preciso dormir!

05 de Junho

É provável que eu já esteja morta enquanto você lê isso, não tenho mais nada a fazer, minha vida está condenada.

Acordei de madrugada com mamãe gritando com Sam e depois ouvi ela gritar para que eu trancasse a porta. Pensando que mamãe estivesse em perigo, abri a porta de leve e vi algo que jamais me esquecerei:

Sam vinha correndo de quatro pelo corredor, com o livro pendurado na boca, estava coberto de sangue. Pensei em ajuda-lo, mas o jeito demoníaco que ele se movia fez com que eu trancasse a porta. Ouvi uma batida surda na porta e percebi que ela não resistiria, então arrastei minha escrivaninha pra frente dela e me escondi atrás da cama. A barricada que fiz não irá durar muito.

Estou sentindo a madeira se rachando, ele estará aqui em breve. Já gritei pela mamãe, mas acho que aconteceu algo com ela, ela não responde.

Agora entendo o que aconteceu com meus irmãos, sou a próxima da fila, a última.

A porta não resistiu, Sam entrou, e ele não está sozinho.

quarta-feira, 25 de março de 2015

"Finais felizes não existem pra ninguém. Aqui dentro, não existe um final."

Você Acredita Em Episódios Perdidos ?



Eu não quero acabar com a graça de ninguém aqui... Por isso, se você acredita naquelas lendas de “Episódios Perdidos" assombrados e gosta de viver nesse “mundo”, talvez esta história não seja para você.

Não me interpretem mal - eu odeio quando as pessoas queixam-se da "falta de realismo" no mundo do entretenimento, e eu acho que todas as crianças precisam acreditar em Papai Noel e da Fada do dente o máximo tempo quanto possível, mas ... isto é diferente.

Nos anos 80 eu conheci esse cara, Sid, que costumava cortar cenas de fitas VHS antigas. Era mais do que um hobby para ele - era praticamente toda a sua vida. Seus pais eram um pouco mais ricos do que os meus, por isso quando éramos adolescentes, eu trabalhava escravizado em um restaurante fast food enquanto ele só andava pela casa, cortando fitas. Todos os dias. Todas as noites.

Claro que, quando ficamos mais velhos, nosso passado fica um pouco mais claro, então acho que ele poderia ter tido um pouco de autismo... Ou talvez ele fosse uma pessoa com hiperatividade. Mas é claro que eu não sou nenhum expert no assunto e não estou dizendo que esse tenha sido o caso. É apenas a melhor e mais rápida maneira que eu posso pensar para explicar sua personalidade e essa obsessão com o corte de fitas, só cortando e cortando fitas.

Tudo começou quando ele viu um filme chamado “Meu Melhor Companheiro" quando criança. Por alguma razão, seus pais o deixaram assistir aquela merda. Se você não estiver familiarizado com esse filme, é o conto de um menino e seu cão. Espero não ter que dar o spoiler de um filme tão velho, mas no final, o menino tem que atirar no seu próprio cachorro, que acabou pegando raiva.

Sid não gostou disso. Seu pai fotografava e gravava casamentos, então ele mostrou a Sid como operar algumas das máquinas de filmagem... E Sid cortou o final, substituindo-o por uma cena anterior, mais feliz, como se "Meu Melhor Companheiro" de repente tivesse ficado "melhor".

Ele assistia a fita obsessivamente depois disso, quando eu o conheci, em sua adolescência. Ele me fez assistir uma vez para mostrar como ele o "consertou" e eu pude realmente imaginá-lo como um menino quando ele começou a aplaudir e torcer pelo seu próprio final.

Não quero dizer que eu era uma má influência, mas depois que eu assisti, perguntei se ele poderia fazer isso com outros filmes.

Meu maior interesse era talvez pegar um filme ou dois e colocar alguns quadros de nudez que as atrizes realmente não haviam feito... Mas não se preocupem. Eu nunca tive coragem de perguntar se ele realmente o faria. Eu só imaginava o quão seria legal. Várias vezes.

Sid me disse que sim. Ele podia "consertar" qualquer filme que quisesse. Na verdade, ele tinha feito isso com alguns outros. Ele tinha uma cópia do filme dos Caça-Fantasmas e - eu não estou zoando - cada fantasma tinha sido completamente removido. A história não fazia sentido, não havia continuidade, mas ele conseguiu fazer isso, e eu fiquei bastante impressionado.


Acho que, na época dos VHS, essas coisas pareciam mais mágicas do que parecem hoje.

Conforme o tempo passou, eu fui encorajando Sid a editar mais filmes, mas com finalidades diferentes. Ao invés de suavizar todo o material assustador como ele queria fazer, eu fiz com que ele "abrisse" sua mente, sobre as coisas incríveis que ele poderia fazer.

Em algum lugar lá fora, alguns fãs gordinhos de Star Wars do nosso colégio tinham todos os três filmes originais perfeitamente cortados e juntados, com edição de efeitos que teriam feito o próprio George Lucas gritar: 
"Não se intrometa!"

Nós cobramos vinte reais por uma única cópia, porque éramos idiotas.

Enfim, isso continuou por um tempo antes de eu perder meu interesse. Foi mais uma brincadeira para mim do que para ele. Este é o ponto onde eu comecei a trabalhar, comecei a dirigir, comecei a tomar iniciativa com as garotas locais... Enquanto ele ficava cada vez mais envolvido no corte das fitas.

Eu acho que seus favoritos eram os desenhos. Quando Os Simpsons chegou, ele ficou louco por eles.

A partir dai, suas edições não eram mais sobre consertar as coisas, mas sim "quebrá-las" de maneiras interessantes.
Outra coisa que ficou em minha mente foi quando ele gravou um episódio de "M * A * S * H" e editou com um velho filme sangrento de guerra. No meio da sua versão, o campo é bombardeado... Soldados invadem. Todo mundo morre. No final, ele trabalhou especificamente em congelar os rostos de cada membro do elenco. Olhos fechados.

Ele inverteu completamente os seus interesses e abraçou o que antes o assustava: Finais assustadores. Ele parecia amar coisas como, sequencias de tirar o fôlego, com um silêncio aterrador. Ele me fazia ficar quieto enquanto eu os assistia também.
Você pode ter ouvido falar sobre este homem misterioso chamado Banksy, que vai criando grafites interessantes e outras coisas. Em um ponto, ele entrou em uma loja de música e substituiu alguns CDs de Paris Hilton com suas próprias falsificações.

Banksy não tinha nada a ver com o Sid. A cada duas semanas, ele me contava sobre algumas lojas ou locadoras de vídeo em que ele conseguiu colocar algumas de suas fitas. Ele trocava as versões reais pelas suas versões, e então começava tudo de novo, cortando as que ele havia roubado.

Uma vez, quando eu não havia ouvido falar dele há muito tempo, passei na casa de seus pais e o encontrei na garagem. Ele montou seu próprio estúdio de cinema lá, completo e com uma prancheta de desenho.

Ele estava, na verdade, animando um conteúdo inteiramente novo.

De uma vez só, eu estava tanto encantado com sua habilidade artística que eu nunca tinha visto antes... Mas também fiquei preocupado com quando esse cara iria sair do escuro e começar a agir "normalmente", como eu.

Ele mal tirou os olhos de seus desenhos enquanto nos falamos. Lhe perguntei o que qualquer criança, agora no final da adolescência, perguntaria.

- O que diabos está errado com você?

-Hm?

- Sério, cara. Isso é loucura.

- É um trabalho. Estou trabalhando. Meu trabalho é tão importante quanto o de qualquer outra pessoa.

- Você está ao menos vendendo isso de novo, ou você está apenas os colocando em lugares? Quanto tudo isso está custando ao seu pai? "

- Eu não me importo com eles.

Olhei para o que ele estava com ilustrando com tanto fervor.

- Isso é um corpo sem cabeça? Dançando? "

- Aham, sim.

- Isso é muito pesado, cara.

- Eu sei. Esse é o objetivo.

- Eu não entendo.

- Essas fitas. Pensei que elas estavam erradas, mas com o tempo, eu descobri a verdade.

- Que é...?

- As coisas assustadoras são as corretas. Os finais felizes que são mentiras.

Ele só continuou desenhando enquanto eu estava lá. O silêncio era perturbador, e naquele momento, pude sentir o cheiro que saia dele. Não era só suor. Era uma mistura de uma bunda suja e um pano encharcado de mijo.

Eu odeio dizer isso, mas desisti dele naquela hora. É aquele momento em que você olha para alguém que você achava que conhecia, e tudo o que consegue pensar é: "Puta merda, eu nunca pensei que ele iria tão longe."

Não foi até meus 30 anos que Sid passou pela minha cabeça novamente. Eu estava procurando coisas na internet, apenas vagando sem rumo na web, quando me deparei com uma série de "lendas urbanas" sobre fitas VHS, filmes estranhos, e os episódios perdidos.

Alguns deles, eu reconheci, pois havia assistido com Sid, ou já havia o visto trabalhando com eles. Cada cena perturbadora, cada edição inacreditável... Eu acreditava na lenda, porque estive lá.

Tinham muitos outros... Desenhos do "Bob Esponja", Episódios de "Coragem, O Cão Covarde" ou qualquer outra coisa, esses foram lançados muito tempo depois de eu ter me afastado de Sid, mas o estilo era muito familiar. Mesmo os que pareciam serem sua obra, pareciam ter sido cópias do seu jeito ou tentativas de imitar seu trabalho.

Ele ainda estava fazendo isso. Meu Deus, aquilo travou minha mente.

Liguei para o número antigo do Sid, não sabendo ao certo se eu ainda o encontraria lá. Ele tocou por alguns minutos, e eu sabia que a procura era impossível. Mesmo que ele ainda vivesse com seus pais, não era provável que eles ainda vivessem na mesma casa até agora.

Ainda assim...

Decidi ir até sua antiga casa, para ver se ele ainda estava naquela garagem, cortando fitas, manipulando-as através do computador, ou qualquer coisa que ele estivesse fazendo. Quando passei pela casa, vi que o gramado havia sido coberto por um grande e volumoso mato alto. A fachada em ruínas da casa, com a sua pintura descascando ao redor das persianas, faltando telhas, e com as sarjetas cheias de lama, me diziam que ninguém vivia ali há muito tempo.

Eu vi um bilhete na porta, mas não conseguia lê-lo da rua. Talvez fosse algo que eu pudesse usar para localizar Sid e ver se ele já havia procurado a ajuda que agora percebi que eu deveria ter dado a ele.

Entrando no caminho, meus faróis iluminaram a porta da garagem. Estava sem janelas e tinha sido vandalizado com pichações de alguns babacas da rua.

O bilhete na porta, como era de se esperar, falava de um banco que agora era proprietário do imóvel.

Observo que minha "invasão" foi fortemente desencorajada, e que em um determinado momento, alguém viria para se certificar de que a casa foi "comprometida ". O que quer que isso seja.

Enquanto eu caminhava de volta para o carro, abalado, algo estava me incomodando. Eu sabia que os pais de Sid deixavam uma chave reserva sob uma pedra falsa nas escadas dos fundos, devido ao Sid ter nos trancado pra fora em diversas ocasiões.

Quando encontrei a chave, uma sensação de frio, aquele arrepio de medo, invadiu no meu estômago.

Quem se mudaria e deixar tudo num lugar como aquele? A chave era a coisa mais óbvia, mas vasos de flores e decorações de jardim ainda estavam lá. A velha bicicleta enferrujada de Sid estava encostada na casa, e tinha criado grossas listras enferrujados ao longo do revestimento de alumínio.

Eu realmente não sei o que esperava encontrar, mas usando a chave, entrei na casa.

O cheiro era forte.

Não era um cheiro pútrido, nada podre ou em decomposição... Apenas o cheiro de... Eu não sei se isso fará algum sentido para você, mas... Cheiro de eletricidade. Como a poeira queimada de uma lâmpada ou um aquecedor exalando o cheiro peculiar de metal aquecido.

Essa era a menor das minhas preocupações, no entanto, quando vi que tudo estava exatamente do mesmo jeito, desde a ultima vez que estivera lá. Tudo que a família do Sid tinha, parecia congelada no tempo. A mesa da sala de jantar onde nós todos nos sentamos em muitas ocasiões, estava coberta de poeira e tinha um rato morto cima, que já havia praticamente virado pó.

A televisão, aquela volumosa televisão de grandes dimensões, na qual todos nós nos sentávamos em volta para assistir as fitas de Sid e elogiávamos a sua criatividade, estava onde sempre esteve, exibindo silenciosamente um violento bombardeio de estática em preto e branco.

Enquanto fui andando pelos quartos, a sensação de pânico e desconforto dentro de mim só crescia. Cada fibra do meu ser gritava “CORRA... CORRA, seu idiota!”

Ainda assim, fui ai quarto de Sid. Ele agora estava vazio e em condições precárias. Seus bonecos e fitas de vídeo em branco... centenas de fitas de vídeo obsoletas e danificadas pelas infiltrações.

Quase cheguei a chama-lo, a gritar "Sid!" e esperar que ele aparecesse como se nada estivesse fora do comum.

E então, fui para o quarto de seus pais.

Lá, deitados na cama, estavam dois corpos imóveis. Gaunt. Gray. Metade havia sido infestado por pó, assim como o rato na sala de jantar.

Eu mal podia acreditar no que eu estava vendo com meus próprios olhos. Não apenas os dois corpos estavam lentamente se dissipando dentro dessa área suburbana, mas... Como ninguém havia estranhado a ausência deles? Ninguém havia descoberto aqui, até agora.

Minha mente surtou. Meu coração disparou. As únicas coisas que não se moviam eram os meus pés, que ficaram colados no local.

Sid, pensei, deve ter feito isso. Não havia maneira dos dois terem apenas se deitado uma noite e morrido de causas naturais, juntos! Sid tinha dito que não se importava com seus pais, e...

Quando foi a última vez que eu havia os visto? Deus, eu não havia os visto por dias, droga, talvez SEMANAS antes da última vez que falei com Sid...

Quando finalmente sai do quarto, peguei meu celular e comecei a discar o 190. No entanto, assim que eu o coloquei no ouvido, um ruído ensurdecedor de interferência quase me fez arremessar o objeto pra sala.

Corri para o telefone da cozinha. Guinchando estática.

Tentei o telefone da sala só para ter certeza. Estática.

Não foi até colocar o telefone na base, que eu a ouvi... Musica. Baixa, quase inaudível, que eu não havia notado antes. Parecia ser alguma melodia repetitiva, leve e feliz. Algumas flautas, talvez trombetas.

Segui a melodia animada para a porta que vai para a garagem. Pressionando meu ouvido na superfície suja da porta, vi que a música realmente vinha dali.

- Sid? - Eu chamei, mal conseguindo formar o nome com os lábios frios, dormentes - Sid, você está aí? Você está bem?

Eu tentei abrir a porta só para ver que algo ou alguém estava de alguma forma bloqueando-a do outro lado.

Estava, na verdade, já que um chute selvagem quase tirou a madeira apodrecida de suas dobradiças.

- SID? - Gritei quando a poeira baixou lentamente.

Através da neblina, eu só podia ver a luz de uma tela de televisão. As cores vibrantes. Azul, verde, amarelo...

Logo, eu vi um desenho animado passando na tela. Em seguida, os fios de prata que vinham do próprio equipamento, até alguma massa escura. Em seguida, a massa escura foi tomando, e quando meus olhos se ajustaram à iluminação estranha.

Era Sid... Ou melhor, seu corpo... não estava morto há tanto tempo como seus pais. Ele sentado em uma velha cadeira de escritório. Os fios do aparelho de televisão ligavam diretamente para o seu corpo, acabando por desaparecer em várias crostas de buracos em sua carne. Através de uma pequena abertura carcomida em suas costelas, pensei ter visto mais metal dentro.

Eu andei para o lado de Sid, com a minha mão sobre minha boca, com medo de vomitar. Seu rosto estava torcido em um hediondo, largo sorriso... suas órbitas vazias quase pareciam feliz, com uma cara de satisfeito.

- Olá! - Ouvi uma voz dissonante.

A voz era otimista. Estridente. Soou quase como Sid, mas ... diferente. Cartunesca, como a de desenho animado.

Me virei para a tela. A grama verde, o céu azul, as flores amarelas... e Sid. Uma caricatura perfeita dele! Ele caminhou ao longo do loop infinito no fundo utópico do desenho animado.

Ele acenou para mim.

- Sid... Oh Deus, Sid!

Ele... a versão cartunizada dele ... voltou sua atenção para longe de mim e continuou a passear alegremente através daquele ciclo interminável do mesmo plano de fundo. Ele passou por um arbusto. Depois passou de novo... E mais uma vez ... O mesmo passarinho, cantando alegremente, voava através do céu em uma figura interminável.

- Sid... - Balancei a cabeça, incapaz de compreender o cenário - Eu nunca deveria ter deixado você sair da realidade.

Eu pensei sobre o que Sid tinha feito com sua mãe e seu pai. Eu pensei sobre como o banco viria em breve e como tudo isso viria à tona. Assisti Sid caminhar por cerca de uma hora e meia. Após isso, eu desmaiei para nunca mais acordar, e as últimas palavras que eu ouvi de Sid, antes de me tornar um desenho animado, também foi:

"Finais felizes não existem pra ninguém. Aqui dentro, não existe um final."

quinta-feira, 19 de março de 2015

O Jogo Do Celular | creepypastas



Olá. Você pode me chamar de "Jack". Não é meu nome verdadeiro, mas por enquanto isto é o suficiente que você precisa saber. Acho que chegou a hora de eu contar minha história. Acredite ou não, essa é a verdade. Eu espero que você aprenda com meus erros, mesmo se você ignorar tudo isso como as outras 98% que escutarem minha história até o final.
Mas há mais verdade nessa história do que qualquer um de vocês possa imaginas.
Agora, estou fora da escola há três anos, mas antes, um evento em particular ocorreu, então eu vou ter de voltar um pouco no tempo para contar a história.

Primeiramente, meus primeiros dois anos e meio do ensino médio, eu estudei em uma escola na parte profunda do Sul da América, perto do Golfo.


Crescemos ouvindo todos os tipos de histórias assustadoras e se há uma lição que nossos pais super conservadores nos ensinou foi que: nunca brinque com coisas desconhecidas.

Até esse momento eu era muito impopular no meu colégio. Meus dois primeiros anos do ensino médio foram uma dor real, porque eu era uma grande idiota e todos riram de mim. Eu era um solitário... e tudo o que eu realmente fazia na aula era jogar meu Game Boy todo dia antes de correr para casa para jogar um RPG que era viciado.

Tudo mudou durante meu primeiro ano, quando nos mudamos para o oeste.

Comecei a frequentar uma escola Católica com não mais de 250 alunos. Foi nessa época que eu finalmente comecei a encaixar e fazer amigos. Ninguém aqui sabia quanto idiota eu era na outra escola, então optei por "mudar minha personalidade" e tentei fazer amigos pela primeira vez na minha vida. E quem sabe, talvez até consiga uma namorada bonita se tive sorte.

Comecei a conhecer pessoas na escola. Em uma escola tão pequena, você acaba conhecendo todo mundo na sua classe.

Meu primeiro dia que eu fiz um novo amigo chamado Sam... e na hora do almoço, optei para sentar com ele e seus amigos. Ele me disse tudo sobre as outras crianças da escola - quem era mais popular, os atletas, assim por diante.

Ele me apresentou a seus amigos, também: Jim, um grande sujeito que tinha uma média de 10 em todas as matérias, Vogelman o nerd e hacker e Thomas um músico que tocava guitarra em uma banda.

Também conheci Stephanie, menina asiática e corajosa. Alguns dos rapazes diziam que ela era uma vadia, mas ela pareceria legal o suficiente. Por algum motivo ela me achava engraçado e por isso começamos a nos encontrar depois das aulas.

Sam me contou muitas histórias sobre ela, como ela costumava fazer alguns lanches e polvilhava todos com Viagra ou despejava laxantes ele comiam e sofriam o impacto e passavam horas no banheiro. Eu apenas ri educadamente e nunca aceitei as coisas que ela me oferecia para comer, com medo de ser alguma pegadinha dela.

Também havia Rottenbacher. Seu verdadeiro nome era Jason, mas todo mundo sempre o chamava "Rottenbacher" ou "Alemão" porque ele era um nazista hardcore. Ele era rejeitado e solitário. Ninguém queria ser amigo dele. Todos os dias ele usava uma braçadeira suástica vermelha sob o casaco dele onde os professores não podia ver.

Além disso, no dia das bruxas e nos eventos de fantasia da escola ele sempre ia com seu uniforme nazista e longas botas SS.

Na verdade ele era um angustiado filha da puta. Sempre que tínhamos aula de história e a professora lhe perguntava sobre o nazismo, ele gritava insultos raciais ou étnicos, ele deixava a aula gritando "Heil Hitler!"

Além disso, uma coisa peculiar que chamava minha atenção, Era que mancava como se sentisse muita dor. Sam me disse que alguém viu uma vez apertar um cilício farpado no vestiário de uma Igreja Católica, como seu fosse para se punir por seus pecados.

Era uma escola católica, então as pessoas acreditavam que aquilo era apenas um devoto cristão. Foi meio estranho para um amante de Hitler hardcore como Rottenbacher, nas como eu era noivo no colégio não dei muita importância.

Depois que ele terminou de me apresentar para todos seus colegas, Sam me contou algumas das antigas histórias da escola - incluindo uma lenda urbana que circulou sobre a cidade, uma garota que morreu misteriosamente depois de jogar algo denominado como "O celular jogo  do celular". Se você perguntasse a alguém o que aconteceu, ninguém podia nada de relevante. Sempre disseram que era porque ela jogou “O jogo do celular”

Sam, Stephanie travessa, Rottenbacher nazista, O jogo de telefone celular, Investigação da polícia sobre o desaparecimento da adolescente. Todas essas pessoas e eventos estavam prestes a se juntam para me tirar de um lugar que ao menos gostaria de estar.

Enfim, o segundo semestre passo e num piscar de olhos já era o ultimo ano do ensino médio.

Todo mundo estava de volta para o novo ano escolar, bombeado para iniciar o mais preguiçoso e mais divertido ano de nossas vidas do ensino médio. Mesmo Rottenbacher, ainda mancando em torno da escola fez em Cilicio farpado, ainda jorrando seu nazismo de lixo cada vez que alguém mexia com ele.

O ano começou estranhamente calmo. Mais dois casos de desaparecimento havia acontecido na escola e a policia já estava desconfiando de algum possível serial killer. De acordo com o jornal, a única coisa em comum que a polícia havia encontrado, era que cada pessoa que desapareceu tinha recebido uma mensagem de texto que dizia: "Bem-vindo ao jogo". Mas como as mensagens havia sido enviada de pessoas diferentes a policia descartou essa informação.

Para mim, as coisas finalmente não estavam indo mal.  Foi neste ano que finalmente eu comecei a me abrir com varias pessoas. Fiz grandes amizades e pela primeira vez não me sentia sozinho. Aos poucos, comecei a me encaixar em vários grupos e isso fez de mim uma pessoa popular.

Stephanie sempre me acompanhava porque me achava engraçado e por algum motivo ela gostava de minha piadas. Teve  um dia - que eu ainda me lembro como um dos mais felizes da minha vida - ela veio até mim no meio do campus depois da escola e olhou para mim com esses olhos asiáticos bonitos e que cabelos longos, pretos e um sorriso maravilhoso. Eu nunca tinha visto ela tão bonita, ela com jeito um pouco tímida perguntou:
- Jack, você... quer ser meu namorado?

Eu sorri, pulei de alegria ao ouvir isso. – Mas é claro! Claro que sim - eu disse, então nós nos beijamos na frente de todos. Eu finalmente tinha uma namorada. Ainda me lembro que foi um dos dias mais felizes de toda a minha vida, se não o mais feliz. Nós saímos depois da escola, íamos ao cinema, namoramos na casa dela e na minha.

Talvez eu não ficasse tão feliz se eu soubesse o que aconteceria nos próximos dias.

Foi um dia na hora do almoço, ela estava sentada com a gente, quando ela mencionou que em uma noite com suas amigas elas ficaram conversando sobre a lenda do “ O Jogo do Celular”. Ela disse que essas meninas sabiam tudo sobre as regras do jogo e que tinha explicado tudo a ela em grande detalhe.

Supostamente, você pode entrar no jogo a qualquer momento era só enviar uma mensagem de texto à meia-noite para o número de telefone correto. A mensagem de texto deveria dizer: "Eu desejo ter o poder de amaldiçoar pessoas". Se fizer certo, você receberá uma mensagem de volta dizendo: "Bem-vindo ao jogo"  e supostamente, esta era a razão dada a policia sobre os desaparecimentos.

Stephanie falou mais sobre o jogo e prestamos atenção no que ela dizia.

Ela nos disse que uma vez que alguém esteja dentro do jogo, ele corre risco de vida. Dentro de duas semanas eles seriam submetidos a diferentes tarefas ou então eles seriam arrastados no meio da noite.

Eu interrompi ela – Arrastado? Por quê? Para onde?

Ela ficou em silencio por um tempo antes de responder.

- Eu não sei - ela sussurrou antes de continuar a sua história.

Ela disse que haviam duas formas de não ser arrastado:

A primeira era encontrando um item de proteção especial. O item pode ser qualquer coisa. Você nunca sabia o que ia ser, mas tinha que ser algum item que deveria sempre te acompanhar e que estaria sempre te machucando lhe causando muita dor. Este era um preço pequeno dependendo do tempo de vida que ainda lhe resta.

A segunda maneira era trazer alguém para o jogo. Isso poderia ser feito enviando uma mensagem de texto dizendo "Bem vindo ao jogo" para qualquer pessoa que você conheça pessoalmente. Se alguém recebeu a mensagem de texto de outra pessoa que estava no jogo, então isso significava que essa pessoa estava agora no jogo também, e sujeito a todas as mesmas regras e consequências do jogo. Se a pessoa não encontrar um item de proteção a si mesmo, ou trazer outra pessoa ao jogo, então eles também seriam arrastados.

O problema dessa segunda forma é a seguinte: Enquanto o item de proteção te proteja por tempo indeterminado. Trazer alguém para o jogo, só aumenta o tempo para você encontrar um item de proteção por mais duas semanas. Se depois trazer mais alguém apenas uma semana. Eventualmente, o período de carência iria ficar cada vez mais curtos. E nesse tempo você teria que encontrar seu item de proteção.

Mesmo que isso parecesse um episódio do arquivo X, eu não gostava de ouvi-la falar sobre essas coisas, então eu disse a ela que era um monte de bobagens.

- Você realmente acha bobagem? - Ela perguntou. -Se isso for verdade imagine o quão legal isso seria capaz de amaldiçoar quem mexeu com você, trazendo elas para o jogo! Você poderia se livrar de qualquer um e ninguém jamais saberia que foi você.

Eu nunca tinha ouvindo Stephanie falando desse jeito. Ela quase parecia insana com o pensamento de vingança. Verdade seja dita, isso me assustou um pouco.

Então eu disse a ela – Nós não devemos ir brincar com coisas além de nossa compreensão. E se você se envolvesse com isso e descobrisse que é verdade? Eu não sei o que faria se algo acontecesse com você! Me prometa que você não vai mexer com essas coisas!

Ela me deu um olhar engraçado – Eu nunca pensei que você seria o tipo de pessoa a tem medo dessas coisas bobas, Jack."

- Bem, eu só não acho que é certo mexer em coisas que você não entende –  Eu olhei preocupado pra ela – Agora me prometa Stephanie. Promete que não vai tentar fazer isso.

Ela suspirou – Tudo bem, tudo bem. Eu não vou tentar jogar o jogo do celular. Você está feliz agora?

Eu disse que sim, mas verdade seja dita, eu estava com medo. Eu não acreditei nela. Em todo esse tempo que estivemos juntos eu nunca desconfiei que ela mentia pra mim ou que me traísse, mas eu podia ver em seus olhos que ela tentaria esse jogo. Mas desta vez era sério.

Então, alguns dias depois, ela se aproximou de mim e nos disse que havia entrado no jogo do celular, eu me irritei.

-O que você está pensando, Stephanie? Você me prometeu que não faria isso!

- Sim, sim eu sei! Mas não é nenhuma grande coisa. Eu já tenho tudo planejado. Além disso, se for verdade e funcionar, será uma oportunidade que eu não deixaria passar.

Ela ergueu seu celular e disse – Veja você mesmo.

Uma mensagem de texto é aberta na tela que dizia: "Bem-vindo ao jogo".

- Meio estranho, não é? Eu recebi logo depois que enviei o texto à meia-noite, assim como as meninas disseram.

Meu queixo caiu. Eu fiquei sem palavras e aterrorizado. Este jogo não pode ser real, não é?

- Stephanie, se isso for real, então você está em perigo agora. Você só tem duas semanas para encontrar seu item de proteção.

- Eu sei. É por isso que eu mandei o texto para Rebecca. Vou descobrir se o jogo é real ou não!

- Você fez o quê? Mas Stephanie, se isso for real, então significa que você pode ser uma assassina! A Rebecca agora poderia morrer por sua causa!
-
-Relaxe, Jack. Eu realmente não acredito em nada dessas coisas. Mas por via das duvidas, Rebecca sempre foi uma vadia. Eu eu percebi o jeito que ela olhava pra você durante as aulas. Ela deu a mesma risadinha maliciosa dela que eu sempre amei. Mas desta vez, eu não me senti confortável com isso.

Algumas semanas se passaram e nada aconteceu. Mas então, um dia, Rebecca não apareceu na escola. Na hora do almoço, Stephanie estava sentado em torno de nós, como de costume, quando o assistente principal veio dar um aviso com seu megafone.

- Peço um pouco de atenção por favor – Todo ficou em silêncio. – A polícia nos informou que uma de suas colegas, Rebecca, esta desaparecia.

Pele dourada de Stephanie ficou branco. Ela congelou.

- Os pais delas estão muitos preocupados. Se algum de vocês sabe alguma coisa sobre isso, por favor, venha falar comigo depois da aula. Por enquanto é isso.

- Stephanie ... – Eu sussurrei. Eu estava com muito medo por ela. Eu estava com muito medo de que ela poderia fazer. Ela olhou para mim e disse – Não diga nada.

Ela se levantou e saiu correndo do refeitório. Eu persegui atrás dela.

- Stephanie! Stephanie! O que você está fazendo?

Ela continuou correndo de mim então tirou seu telefone do bolso.

- Não tente me parar, Jack. Para sobreviver eu vou precisar de mais tempo. Posso ficar mais uma semana se eu colocar alguém no jogo, e isso vai me dar três semanas para encontrar.

- Stephanie, ouça o que esta dizendo, quem você pensa em amaldiçoar agora? Você mataria mais alguém por um pouco de tempo extra? Olha o que aconteceu com você!

Ela começou a chorar.

- Eu sei, porra! Mas eu sei quem eu vou amaldiçoar. Ninguém vai sentir falta dele, eu prometo.

- Stephanie, isso não está certo. Você não pode fazer isso. Ninguém merece isso. Deixe-me ajudá-la! Podemos encontrar um objeto de proteção para você juntos!

Ela se virou e me mostrou seu telefone celular. Ela tinha acabado de enviar uma mensagem que dizia: "Bem-vindo ao jogo".

Ela enviou para Rottenbacher.

Eu comecei a chorar. Agarrei ela tão firmemente quanto pude. – Stephanie, Stephanie. Eu te amo. Mas eu sinto muito. Isso não está certo. Nada disso é certo.

Ela segurou em mim e começou a chorar profundamente também. Nos abraçamos lá por quase uma hora. Eu ainda me lembro como se fosse ontem.

Então, naquela noite, antes de irmos para casa, nós dois resolvemos que começaríamos a procurar um item de proteção no dia seguinte.
No dia seguinte, eu estava andando com Stephanie, depois da escola, quando Rottenbacher se aproximou de nós com o seu telefone celular. Ele estava furioso.

- Isso é algum tipo de piada sua vadia de olhos puxados?

Verdade seja dita, eu achava que Rottenbacher tinha o direito de estar um pouco irritado. Claro, ele era um maníaco pervertido nazista, mas com todos os boatos de assassinato por aí, eu poderia imaginar alguém estar com raiva após receber uma mensagem de texto como esse.

Mas mesmo assim, eu não ia deixar ninguém falar com a minha namorada assim.

- Hey cara, olha o respeito! Essa não é a forma de se falar com uma dama!

- Dama? – Rottenbacher gritou – Essa dai não é nenhuma dama! Ela é apenas uma vadia e ela tentou me matar! Aposto que você matou a outra menina, também, não é? Rebecca? Ela está desaparecida por sua causa não é?

Stephanie começou a chorar novamente.

Eu puxei meu braço para trás e dei um soco tão forte que pude no  rosto do Rottenbacher. Ele tropeçou para trás alguns passos e passou a mão na boca, da qual escorria um pouco de fluxo de sangue, mas ele manteve a compostura.

Eu meio que pensei que ele iria pra cima de mim para me bater.

Depois de um momento ele falou:

- Você não entende né Stephanie? Eu já estou no jogo. Eu sempre estive. Eu sei das regras e o tempo extra que você tem. Mas ao contrário de você, eu nunca precisei matar ninguém. "

- Bobagem – Eu disse – Se tudo isso é verdade, então como é que você ainda esta vivo?

De repente, me lembrei do cilício que Rottenbacher usava em torno de sua perna que lhe causou a mancar em agonia, e que Stephanie tinha me dito na hora do almoço.

Sempre que um novo item de proteção foi descoberto, o que quer que fosse, faria com que seu portador a sofra.

- Você tem um item de proteção.

Os olhos de Stephanie se iluminou. Ficou claro que havia percebido a mesma coisa que eu tinha. Rottenbacher sorriu –  Isso mesmo, e se eu fosse sua namorada, me preocupava em encontrar algum item ao invés de fazer novas vitimas.

Stephanie olhou para ele com medo em seus olhos.

Os dias se passaram e por mais que tentemos, Stephanie e eu não conseguíamos encontrar nada que poderíamos qualificar como um item de proteção. Estávamos nos aproximando do prazo de duas semanas e ela estava parecendo cada vez mais assustada a cada dia. Seu cabelo estava uma bagunça, sua personalidade geralmente borbulhante era triste e perturbada. Ela olhava para o nada durante as aulas e orava constantemente.
Após o prazo de duas semanas, nós dois estávamos aterrorizados. Ela veio até mim na escola e disse: - Jack, eu quero que você durma comigo esta noite. Fique comigo a noite toda. Não deixe que me peguem.

Eu não podia recusar. Eu apareci em sua casa tarde da noite e entrei pela sua janela. Dormimos juntos. Foi agridoce.

Ela foi dormir me segurando, mas eu fiquei acordado a maior parte da noite observando e esperando, até que eu finalmente cai no sono por volta das 4:30 da manhã de tão exausto.

No dia seguinte, quando acordei, tudo que eu conseguia pensar era "Stephanie!" Eu olhei ao redor freneticamente. Ela não estava na cama ao meu lado.

- Stephanie! – Eu gritei alto e sai da cama e comecei a procurá-la. Caminhei em sua cozinha.

- Não fale tão alto – disse uma voz. Era Stephanie. Eu me virei para vê-la sentada em uma mesa redonda na cozinha. Ela estava sorrindo e parecia tão aflita como sempre.

Dei um suspiro de alívio.

- Meus pais já foram trabalhar, mas eu não quero que os vizinhos a fiquem desconfiados de alguma coisa.

Chorei de alívio. O tempo extra dela tinha acabado e ela estava segura. Nada havia chegado para ela. Corri todo o chão da cozinha e abracei ela e nos beijamos.

Tudo estava normal.

Por duas semanas.

Então eu fui para a escola um dia e nove de nossos colegas havia desaparecido, incluindo Sam.

Todo mundo estava apavorado. Ninguém sabia o que tinha acontecido com eles ou para onde eles teriam ido. Ninguém sabia, exceto eu e a pessoa que era responsável por isso: Stephanie.

Se a quantidade de tempo prolongado foi reduzido pela metade a cada vez que ela trouxe alguém para o jogo, significava que seu tempo extra estaria funcionando novamente até esta noite.

Eu confrontei ela sobre isso depois da escola.

- Stephanie, a polícia está ficando desconfiada. Você não pode mais fazer isso, e eu não posso te ver fazendo isso. Isso é errado. Ele é mau!

Ela me olhou em silêncio. Ainda me lembro do olhar em seus olhos naquele dia. Neste ponto, tornou-se claro para mim que a menina que eu tinha conhecido e amado estava muito longe, e tudo o que restava era uma desalmada, perversa que se agarrava à vida e temia a morte mais do que tudo. Mas mesmo assim, eu ainda a amava mais do que tudo. Ela foi minha primeira e única namorada, eu não poderia deixá-la ir. Eu não podia deixar que nada aconteça a ela.

- Está tudo bem – ela disse – Eu não vou mais fazer isso. Eu aceito o que as consequências. Ninguém mais vai morrer por minha causa.
- Stephanie ... você tem certeza? Talvez ainda podemos encontrar um item de proteção para você, se procurarmos agora.

Ela olhou para baixo tristemente – Não há mais motivo para fugir do meu destino. Só quero passar a noite com você hoje à noite, ok? Só mais uma noite juntos. Isso é tudo que eu quero.

Eu fiquei com o coração partido. Tudo era muito melancólico e muito melodramático. Eu estava tão triste ao ouvir suas palavras que ela seria tirada de mim.

Eu vomitei. Vomitei e vomitei repetidamente em uma lata de lixo próximo de nos tentando revidar um fluxo interminável de lágrimas.

Naquela noite, ela dormiu comigo de novo. Doente, fraco e cansado, eu desmaiei de cansaço perto das 3h00.

Menos de uma hora depois, eu acordei com um sobressalto.

Stephanie foi embora.

Sentei-me e olhei em volta, em seguida encontrei um bilhete. Eu li.

“[Jack]: Sinto muito por ter mentido para você novamente, mas eu não estou pronto para morrer ainda"

Um calafrio percorreu minha espinha. Eu continuei a ler.

"Eu descobri o que eu preciso fazer. Não se preocupe, como eu prometi, ninguém vai morrer por minha causa”

O que ela poderia estar pensando? Eu olhei em volta do meu quarto. De repente, notei que a pistola calibre .45 que meu pai comprou-me para o meu aniversário de 18 anos havia desaparecido do meu quarto, e agora tudo fez sentido.

É por isso que ela queria passar a noite comigo esta noite. Ela queria que a minha arma. ela estava planejando ir atrás Rottenbacher e tomar o seu item de proteção.

O tão rápido que pude coloquei uma roupa e sai correndo para o carro do meu pai. Eu sai em disparada em direção apartamento de Rottenbacher.

Quando cheguei lá, notei que a fechadura havia sido baleada e de fora e ouvia vozes no vindo de dentro.

Eu empurrei a porta aberta – O que está acontecendo aqui? – Eu gritei.

Olhei em volta. Stephanie estava apontando a arma para. As paredes do apartamento estavam cobertas com fotos de Adolf Hitler e banners suástica. Havia chicotes e correntes espalhadas pelo chão do quarto. Rottenbacher estava pisando em torno de pijamas de manga cumprida e xingando ela em sua forma neonazista típica, gritando sobre 'invasão de domicílio' e sobre  "chamar a polícia" e isso e aquilo. Ele estava mesmo usando aquela braçadeira nazista estúpida. Era óbvio que esse cara era um fanático louco.

Stephanie gritou para ele – Cale a boca!
Ela disparou dois tiros contra a parede atrás dele.

- Agora me dê essa coisa farpada de tortura que você está sempre usando, ou eu vou matá-lo agora mesmo.

A voz dela era assustadora.

Rottenbacher ficou no lugar por um momento e, lentamente começou a tirar as calças do pijama.

- Você está cometendo um grande erro. Você deveria apenas aceitar as coisas como são e morrer com dignidade. Você não vai conseguir acabar com isso.

Ele tirou o Cilicio de sua perna, do qual escorria uma pequena quantidade de sangue e entregou a ela.

Imediatamente, ela colocou-o em sua própria perna com uma mão, mexendo com a minha pistola, enquanto ela apertou até doer, e sua própria perna começou a sangrar um pouco.

- Vamos, Jack –  Ela sussurrou e se virou para sair.

Comecei a sair com ela. Do apartamento, ouvi gritos de Rottenbacher.

- Você não vai se safar dessa! Ele vai vir para você e ele vai arrastá-lo para o inferno pelo o que você fez! Você vai pagar pelas vidas dos seus colegas!

Eu podia ver que ela estava chorando um pouco à medida que nos afastávamos.

Eu estava mal. Fiquei enojado com tudo isso. Eu fiquei com nojo de Stephanie por ser tão cruel e egoísta, e eu fiquei com nojo de mim mesmo que assisti tudo isso e vendo os sinais, e não fazer nada para detê-la. Mas pelo menos agora ela estaria segura.

Enquanto caminhávamos de volta para o carro, eu fiz uma pequena oração para Rottenbacher na esperança de que ele pudesse encontrar um novo item de proteção dentro de duas semanas. Ele pode ter sido um bastardo racista, mas de certa forma, ele ainda mais bondoso do que Stephanie. E se o que ele disse sobre nunca trazer ninguém ao jogo fosse verdade, e ele não merecia morrer por isso.

Eu deixei Stephanie em sua casa. Ela estava exausta. Eu teria dado-lhe um beijo, mas eu estava muito enjoado e só queria que todo o calvário acabasse.

- Boa noite – Eu sussurrei pra ela.

- Boa noite, Jack. Eu te amo - ela sussurrou de volta, e saiu do carro e voltou para sua casa.

Eu comecei a dirigir para casa, exausto com tudo que aconteceu.

De repente, meu celular começou a tocar. Eu o peguei. Era uma chamada da Stephanie.
Eu perguntei.

- Alô?

A primeira coisa que ouvi foi um grito, seguido pelo que soava como o barulho de bater em sua porta.

- Jack! Me ajude! Ele está aqui! Ele está aqui, e ele está vindo para mim!

- O quê? Espere, Stephanie!

Fiz uma reviravolta na com o carro e sai em disparada de volta para sua casa. Stephanie estava se tornando mais frenética.

De repente, do outro lado da linha, ouvi o som de sua porta sendo surrada, seguido por outro grito. Eu podia ouvir Stephanie gritando no topo de seus pulmões, meu sangue gelou com grito. Eu ainda me lembro do momento perfeitamente, e eu me lembro dos gritos dela palavra por palavra.

- Não, Não, eu não quero morrer! - A adrenalina subiu no meu coração e eu pisei no acelerador.
-Não, Não, Por favor, Pare!

Ela gritou novamente e ouvi o que parecia ser o telefone batendo no chão os gritos de Stephanie foi ficando cada vez mais longe.

E, em seguida, o ar morto.

- Stephanie? Stephanie! Responda porra!

Não obtendo resposta, eu desliguei e chamei a polícia.

Quando cheguei na casa de Stephanie, a porta da frente havia sido esmagada, eu estacionei o carro em seu gramado e pulou para fora, carregando minha pistola calibre .45 comigo.

Corri para dentro, procurando pelos corredores. Tudo estava em câmera lenta.

Então, eu fui para o quarto de Stephanie. Eu acendi a luz e verificado todos os cantos com a minha pistola na liderança. Finalmente, eu abaixei a arma quando algo me chamou a atenção no centro da sala. O celular de Stephanie estava jogado no chão ao lado de sua cama.

No meio da sala no tapete, tinha uma pequena mancha de sangue. Não era mais do que algumas gotas. Mas a visão mais arrepiante de tudo era que a partir da borda da cama dela até a porta de seu quarto que levava para o corredor havia um rastro de marcas de garras que ela tinha deixado como algo ou alguém tivesse arrastado para longe de sua condenação.

Eu não aguentava mais.Me Virei e sai do quarto. Na saída, eu não pude deixar de notar que ela tinha arrancado a maioria de suas unhas arranhando o tapete e que eles estavam espalhados perto dos trilhos que seus dedos haviam deixado.

Eu podia ouvir as sirenes chegando à distância




Passaram os dias, então semanas, depois meses. A polícia fez investigações, eles me questionaram muitas vezes, minhas história eram sempre iguais. Eu disse a eles a verdade, como eu sabia. Eu acho que eles não acreditaram em mim, mas todas as evidências comprovaram minhas história e não havia nada que eles pudessem usar para me julgar como culpado. Então eles me liberaram.

As coisas gradualmente voltou ao normal.

Nossas aulas voltaram ao normal e eu terminei o ano depois fui para a faculdade.

Mas havia uma coisa que ainda me incomodava a respeito de Rottenbacher. É que ele não desapareceu como as outras pessoas. E a Stephanie tinha feito certo e conseguiu seu item, mas mesmo assim ela foi arrastada.

Isso pode significar apenas duas coisas: Ou as regras estavam erradas, ou foi Rottenbacher que se livrou de minha namorada. Se este fosse o caso, eu mesmo vou lançar minha vingança sobre ele.


quinta-feira, 12 de março de 2015

A Menina E O Cão








Uma garota, de 15 anos, conhecida pela história pelo nickname “girl”,  decidiu que já era grande o bastante para ficar em casa sozinha, e dispensou a viagem com seus pais no final de semana. Além do mais, se qualquer coisa ocorresse ela teria o seu fiel cachorro para a proteger.
Quando a noite chegou, ela trancou todas as portas e tentou trancar todas as janelas mas uma se recusava a fechar. Após muito insistência,  desistiu e  deixou a janela destrancada. Tomou um banho e foi dormir. Seu cachorro tomou seu lugar de costume embaixo da cama.
No meio da noite ela acorda por causa de um som de gotas vindo do banheiro. Ela estava muito assustada para ir ver o que era.  Estendeu sua mão para baixo da cama e sentiu uma lambida. Isso a tranquilizou e ela voltou a dormir. Mais tarde, acordou novamente por causa do som das gotas. Insegura, estendeu novamente sua mão para baixo da cama, sentiu uma lambida e voltou a dormir. Mais uma vez ela acorda, estende a mão e sente a lambida.
Incomodada com o som das gotas, ela se levanta e lentamente anda até o banheiro. Os sons dos pingos vão ficando mais alto de acordo que ela ia se aproximando. Chegando ao banheiro e liga a luz. Nesse momento presencia uma cena horrível: pendurado no chuveiro estava seu cachorro com a garganta cortada e o sangue caindo na banheira.
No espelho do banheiro, algo chama sua atenção. Escrito no espelho com o sangue de seu cachorro estavam as palavras “HUMANOS TAMBÉM SABEM LAMBER”. A garota entrou em desespero! Saiu correndo, pela porta da frente, até a fazenda mais próxima. Até hoje não sabem quem matou seu cão.


Suicide Mouse


Então, algum de vocês lembra dos desenhos do Mickey Mouse dos 1930's? Daqueles que foram lançados em DVD alguns anos atrás? Bom, eu ouvi dizer que uma obra em específico não foi lançada ao público, nem para o mais ávido fã da Disney clássica. De acordo com algumas fontes, não tinha nada de especial. Era só um "loop" contínuo (como em Flintstones) do Mickey andando em frente a seis prédios diferentes por dois ou três minutos antes da tela escurecer.
Diferente das melodias bonitinhas como de costume, a trilha sonora desse desenho não era realmente uma música, mas notas agressivas e dissonantes no piano como se alguém estivesse socando aleatoriamente as teclas por um minuto e meio, quando a sonoplastia se desmanchava em ruído branco pelo resto do filme. Também não era o bom e velho sorridente Mickey que nós aprendemos a amar: Mickey não dançava, nem ao menos sorria - apenas meio que andava da mesma forma que eu ou você andamos, com uma expressão facial amuada, balançando a cabeça ao mesmo tempo que mantinha o olhar indecifrável.
Até alguns anos atrás, todo mundo acreditava que depois da tela escurecer, esse era o fim do video. Quando Leonard Maltin estava revendo esse desenho para estudar a inclusão na série completa relançada, ele decidiu que essa peça era muito pobre para entrar no DVD. De qualquer forma, decidiu guardar uma cópia digitalizada pelo valor sentimental, visto que foi uma criação do punho do próprio Walt Disney. Após o processo de digitalização, já em seu computador pessoal, ele percebeu que o desenho se estendia por 9 minutos e 4 segundos, ao contrário dos curtos três minutos pré escurecimento da tela. Aqui eu cito integralmente o e-mail da minha fonte, um assistente pessoal de um dos maiores executivos na Disney, e conhecido do próprio Mr. Maltin:
"Depois do escurecimento, a tela continuava no escuro até mais ou menos o sexto minuto, quando voltava para a cena do Mickey andando. O som era diferente dessa vez: Um murmúrio. Não era uma língua, mas era como um gargarejo choroso. Enquanto o som tornava-se cada vez mais indistinguível e alto, a própria cena distorcia-se. A calçada começava a ir em direções que pareciam fisicamente disarmônicas em relação ao andar do Mickey, cuja expressão, por sua vez, parecia desfigurar-se.
No sétimo minuto, o murmúrio transformava-se em um grito (o tipo de grito doloroso de se ouvir) e a cena tornava-se mais obscura ainda: Eram tingidas de cores impossíveis de serem recriadas com a tecnologia de época. A face do Mickey derretia-se, seus olhos afundados na ponta do queixo como duas bolinhas de gude em um aquário, e um sorriso distorcido apontado para o céu - mas estampado em sua face esquerda. Os prédios perdiam também sua forma, tornando-se tentáculos de borracha a flutuar, e a calçada navegava por sentidos impossíveis, de uma forma inconcebível para o que nós, como humanos, entendemos de dimensão e espaço.
Mr. Maltin ficou então perturbado com o que viu e deixou o estúdio. Mandou outro funcionário terminar de tratar o video, e deixou ordens explícitas para que ele tomasse notas de tudo que acontecesse até o último segundo, e imediatamente guardasse o arquivo em disco na biblioteca-cofre.
Por um segurança que trabalhava sob o meu comando, fiquei sabendo que o funcionário encarregado deixou o estúdio alguns minutos depois, a expressão pálida, nervosamente repetindo a seguinte frase: "E não posso ver o que não foi visto". Pegando todo mundo de surpresa, apoderou-se de uma das armas da equipe de segurança e deu um tiro na própria cabeça. O que eu posso saber sobre o resto da animação é apenas o último frame da película, que continha uma peça de texto russo, texto esse o qual o sr. Leonard Maltin não soube traduzir.
Até onde sei, ninguém mais na empresa viu o desenho animado, mas posso afirmar que houveram várias tentativas de disponibilização do arquivo em rapidshare por funcionários dentro dos estúdios Walt Disney. Quando descobertos, todos foram despedidos de imediato. Se algum deles foi bem sucedido está aberto para debates, mas existem rumores de que o video está a flutuar pela internet com o nome de 'suicidemouse.avi'."


A Casa Sem Fim

Deixe-me começar dizendo que Peter Terry era viciado em heroína. Nós éramos amigos na faculdade e continuamos sendo após eu ter me formado. Note que eu disse "eu". Ele largou depois de 2 anos mal feitos. Depois que eu me mudei do dormitório para um pequeno apartamento, não via Peter com muita frequência. Nós costumávamos conversar online as vezes (AIM era o rei na época pré-facebook). Houve um tempo que ele não ficou online por cinco semanas seguidas. Eu não estava preocupado. Ele era um notável viciado em cocaína e drogas em geral, então eu assumi que ele apenas parou de se importar. Mas então, uma noite, eu o vi entrando. Antes que eu pudesse começar uma conversa, ele me mandou uma mensagem.

"David, cara, nós precisamos conversar."

Foi quando ele me disse sobre a Casa sem Fim. Ela tinha esse nome pois ninguém nunca alcançou a saída final. As regras eram bem simples e clichês: chegue na saída final e você ganha 500 dólares, nove cômodos no total. A casa estava localizada fora da cidade, aproximadamente 7km da minha casa. Aparentemente ele tentou e falhou. Ele era viciado em heroína e sabe lá em mais o que, então eu imaginei que as drogas tinham feito ele se cagar todo por causa de um fantasma de papel ou algo assim. Ele me disse que seria demais pra qualquer um. Que não era normal. Eu não acreditei nele. Por que eu deveria? Eu disse a ele que iria checar isso na outra noite, e não importava o quanto ele tentasse me fazer não ir, 500 dólares soava bom demais pra ser verdade, eu precisava tentar. Fui na noite seguinte. Isso foi o que aconteceu.

[leiamais]

Quando eu cheguei, imediatamente notei algo estranho sobre a casa. Você já viu ou leu algo que não deveria te assustar, mas por alguma razão te gelava a espinha? Eu andei através da construção e o o sentimento de mal estar apenas aumentou quando eu abri a porta da frente.

Meu coração desacelerou e soltei um suspiro aliviado assim que entrei. O cômodo parecia como uma entrada de um hotel normal decorada para o Halloween. Um sinal foi colocado no lugar onde deveria ter um funcionário. Se lia "Quarto 1 por aqui. Mais oito a seguir. Alcance o final e você vence!" Eu ri e fui para a primeira porta.

A primeira área era quase cômica. A decoração lembrava o corredor de Halloween de um K-Mart, cheia de fantasmas de lençol e zumbis robóticos que soltavam um grunhido estático quando você passava. No outro lado tinha uma saída, a única porta além da qual eu entrei. Passei através das falsas teias de aranha e fui para o segundo quarto.

Fui recebido por uma névoa assim que abri a porta do segundo quarto. O quarto definitivamente apostou alto nos termos de tecnologia. Não havia apenas uma máquina de fumaça, mas morcegos pendurados pelo teto e girando em círculos. Assustador. Eles pareciam ter em algum lugar da sala, uma trilha sonora em loop deHalloween que qualquer um encontra em uma loja de R$1,99. Eu não vi um rádio, mas imaginei que eles tenham usado um sistema de PA. Eu pisei em cima de alguns ratos de brinquedo com rodinhas e andei com o peito inchado para a próxima área. Eu alcancei a maçaneta e meu coração parou. Eu não queria abrir essa porta. O sentimento de medo bateu tão forte que eu mal conseguia pensar. A lógica voltou depois de alguns momentos aterrorizantes, e eu abri a porta e entrei no próximo cômodo.

No quarto 3 foi quando as coisas começaram a mudar.

A primeira vista, parecia como um quarto normal. Havia uma cadeira no meio do quarto com piso de madeira. Uma lâmpada no canto fazia o péssimo trabalho de iluminar a área, e lançava algumas sombras sobre o chão e as paredes. Esse era o problema. Sombras. Plural. Com a exceção da cadeira, havia outras. Eu mal tinha entrado e já estava apavorado. Foi naquele momento que eu soube que algo não estava certo. Eu nem sequer pensava quando automaticamente tentei abrir a porta de qual eu vim. Estava trancada pelo outro lado.

Isso me deixou atormentado. Alguém estava trancando as portas conforme eu progredia? Não havia como. Eu teria ouvido. Seria uma trava mecânica que fechava automaticamente? Talvez. Mas eu estava muito assustado pra pensar. Eu me voltei para o quarto e as sombras tinham sumido. A sombra da cadeira permaneceu, mas as outras se foram. Comecei a andar lentamente. Eu costumava alucinar quando era criança, então eu conclui que as sombras eram um produto da minha imaginação. Comecei a me sentir melhor assim que fui para o meio da sala. Olhei para baixo enquanto andava, e foi aí que eu vi. A minha sombra não estava lá. Eu não tive tempo para gritar. Corri o mais rápido que pude para a outra porta e me atirei sem pensar no próximo quarto.

O quarto cômodo foi possivelmente o mais perturbador. Assim que eu fechei a porta, toda a luz pareceu ser sugada para fora e colocada no quarto anterior. Eu fiquei ali, rodeado pela escuridão, e não conseguia me mexer. Não tenho medo do escuro, e nunca tive, mas eu estava absolutamente aterrorizado. Toda a minha visão tinha me deixado. Eu ergui minha mão na frente do meu rosto e se eu não soubesse que tinha feito isso, nunca seria capaz de contar. Não conseguia ouvir nada. Estava um silêncio mortal. Quando você está em uma sala à prova de som, ainda é capaz de se ouvir respirar. Você consegue ouvir a si mesmo estar vivo. Eu não podia. Comecei a tropeçar depois de alguns momentos, a única coisa que eu podia sentir era meu coração batendo rapidamente. Não havia nenhuma porta à vista. Eu não tinha nem sequer certeza se havia uma porta mesmo. O silêncio foi quebrado por um zumbido baixo.

Senti algo atrás de mim. Vire-me bruscamente mas mal conseguia ver meu nariz. Mas eu sabia que era lá. Independentemente do quão escuro estava, eu sabia que tinha algo lá. O zumbido ficou mais alto, mais perto. Parecia me cercar, mas eu sabia que o que quer que estivesse causando o barulho, estava na minha frente, se aproximando. Dei um passo para trás, eu nunca tinha sentido esse tipo de medo. Eu realmente não consigo descrever o verdadeiro medo. Não estava nem com medo de morrer, mas sim do modo que isso ia acontecer. Tinha medo do que a coisa reservara para mim. Então as luzes piscaram por menos de um segundo e eu vi. Nada. Eu não vi nada e eu sei que eu não vi nada lá. O quarto estava novamente mergulhado na escuridão, e o zumbido era agora um guincho selvagem. Eu gritei em protesto, não conseguiria ouvir o barulho por mais um maldito minuto. Eu corri para trás, longe do barulho, e comecei a procurar pela maçaneta. Me virei e cai dentro do quarto 5.

Antes que eu descreva o quarto 5, você deve entender algo. Eu não sou um viciado. Nunca tive história de abuso de drogas ou qualquer tipo de psicoses além das alucinações na minha infância que eu já mencionei, e elas eram apenas quando eu estava realmente cansado ou tinha acabado de acordar. Eu entrei na Casa sem Fim limpo.

Depois de cair do quarto anterior, minha visão do quinto quarto foi de costas, olhando pro teto. O que eu vi não me assustou, apenas me surpreendeu. Árvores tinha crescido no quarto e se erguiam acima da minha cabeça. O teto desse quarto era mais alto que os outros, o que me fez pensar que eu estava no centro da casa. Me levantei do chão, me limpei e olhei ao redor. Era definitivamente o maior quarto de todos. Eu sequer conseguia ver a porta de onde eu estava, os vários arbustos e árvores devem ter bloqueado a minha linha de visão da saída. Nesse momento eu notei que os quartos estavam ficando mais assustadores, mas esse era um paraíso em comparação ao último. Também assumi que o que estava no quarto quatro ficou lá. Eu estava incrivelmente errado.


Conforme eu andava, comecei a ouvir o que se poderia ouvir em uma floresta, o barulho dos insetos se movendo e dos pássaros voando pareciam ser as minhas únicas companhias nesse quarto. Isso foi o que mais me incomodou. Eu podia ouvir os insetos e os outros animais, mas não conseguia vê-los. Comecei a me perguntar quão grande essa casa era. De fora, quando eu caminhei até ela, parecia como uma casa normal. Era definitivamente na maior parte da casa, já que tinha quase uma floresta inteira. A abóbada cobria minha visão do teto, mas eu assumi que ele ainda estava lá, por mais alto que fosse. Eu também não via nenhuma parede. A única maneira que eu sabia que ainda estava dentro da casa era por causa do chão compatível com o dos outros quartos, pisos escuros de madeira. Continuei andando na esperança que a próxima árvore que eu passasse revelaria a porta. Depois de alguns momento de caminhada, senti um mosquito no meu braço. O espantei e continuei. Um segundo depois, senti cerca de dez mais deles em diferentes lugares da minha pele. Senti eles rastejarem para cima e para baixo nos meus braços e pernas, e algum deles foram para o meu rosto. Eu me agitava freneticamente para espantá-los mas eles continuavam rastejando. Eu olhei para baixo e soltei um grito abafado, mais um ganido, para ser honesto. Eu não vi um único inseto. Nenhum inseto estava em mim, mas eu conseguia senti-los. Eu ouvia eles voando pelo meu rosto e picando a minha pele, mas não conseguia ver um único inseto. Me joguei no chão e comecei a rolar descontroladamente. Eu estava desesperado. Eu odiava insetos, especialmente os que eu não conseguia ver ou tocar. Mas eles conseguiam me tocar, e estavam por toda parte.

Eu comecei a rastejar. Não tinha ideia para onde estava indo, a entrada não estava a vista, e eu ainda não tinha visto a saída. Então eu apenas rastejei, minha pele se contorcendo com a presença desses insetos fantasmas. Depois do que pareceu horas, eu achei a porta. Agarrei a árvore mais próxima e me apoiei nela, eu dava tapas nos meus braços e pernas, sem sucesso. Tentei correr mas não conseguia, meu corpo estava exausto de rastejar e lidar com o que quer que estivesse no meu corpo. Eu dei alguns passos vacilantes até a porta, me segurando em cada árvore para me apoiar. Estava a poucos passos da porta quando eu ouvi. O zumbido baixo de antes. Estava vindo do próximo quarto, e era mais profundo. Eu podia quase senti-lo dentro do meu corpo, como quando você está do lado de um amplificador em um show. O sensação dos insetos em mim diminuiu quando o zumbido ficou mais alto. Assim que eu coloquei a mão na maçaneta, os insetos se foram completamente, mas eu não conseguia girar a maçaneta. Eu sabia que se eu soltasse, os insetos voltariam, e eu não voltaria para o cômodo quatro. Eu apenas fiquei ali, minha cabeça pressionada contra a porta marcada 6, minha mão trêmula segurando a maçaneta. O zumbido era tão alto que eu não conseguia nem me ouvir fingir pensar. Eu não podia fazer nada além de prosseguir. O quarto 6 era o próximo, e ele era o inferno.

Fechei a porta atrás de mim, meus olhos fechados e meus ouvidos zunindo. O zumbido me rodeava. Assim que a porta fechou, o zumbido se foi. Abri meus olhos e a porta que eu fechei sumira. Era apenas uma parede agora. Olhei em volta em choque. O quarto era idêntico ao terceiro, a mesma cadeira e lâmpada, mas com a quantidade de sombras corretas dessa vez. A única real diferença é que a porta de saída, e a que eu vim, tinham sumido. Como eu disse antes, eu não tinha problemas anteriores nos termos de instabilidade mental, mas no momento eu sentia como se estivesse louco. Eu não gritei. Não fiz um som. No começo eu arranhei suavemente. A parede era resistente, mas eu sabia que a porta estava lá, em algum lugar. Eu apenas sabia que estava. Arranhei onde a maçaneta estava. Arranhei a parede freneticamente com ambas as mãos, minhas unhas começaram a ser lixadas pela parede. Cai silenciosamente de joelho, o único som no quarto era o incessante arranhar contra a parede. Eu sabia que estava lá. A porta estava lá, eu sabia que estava apenas lá, sabia que se eu pudesse passar pela parede-

"Você está bem?"

Pulei do chão e me virei rapidamente. Me encostei contra a parede atrás de mim e vi o que falou comigo, e até hoje eu me arrependo de ter me virado.

A garotinha usava um vestido branco que descia até seus tornozelos. Ela tinha longos cabelos loiros que desciam até o meio das suas costas, pele branca e olhos azuis. Ela era a coisa mais assustadora que eu já tinha visto, e eu sei que nada na vida será tão angustiante como o que eu vi nela. Enquanto eu a olhava, eu via a jovem menina, mas também via algo mais. Onde ela estava eu vi o que parecia com um corpo de um homem maior do que o normal e coberto de pelos. Ele estava nu da cabeça ao dedão do pé, mas sua cabeça não era humana, e seus pés eram cascos. Não era o diabo, mas naquele momento poderia muito bem ter sido. Sua cabeça era a cabeça de um carneiro e o focinho de um lobo. Era horrível, e era como a menininha a minha frente. Eles tinham a mesma forma. Eu não consigo realmente descrever, mas eu via os dois ao mesmo tempo. Eles compartilhavam o mesmo lugar do quarto, mas era como olhar para duas dimensões separadas. Quando eu olhava a menina, eu via a coisa, e quando eu olhava a coisa, eu via a menina. Eu não conseguia falar. Eu mal conseguia ver. Minha mente estava se revoltando contra o que eu tentava processar. Eu já tive medo antes na minha vida, e eu nunca tinha estado mais assutado do que quando fiquei preso no quarto 4, mas isso foi antes do sexto. Eu apenas fiquei ali, olhando para o que quer que fosse que falou comigo. Não havia saída. Eu estava preso lá com aquilo. E então ela falou de novo.

"David, você deveria ter ouvido"

Quando aquilo falou, eu ouvi palavras da menina, mas a outra coisa falou atrás da minha mente numa voz que eu não tentarei descrever. Não havia nenhum outro som. A voz apenas continuava repetindo a frase de novo e de novo na minha mente, e eu concordei. Eu não sabia o que fazer. Estava ficando louco e ainda assim eu não conseguia tirar os olhos do que estava na minha frente. Cai no chão. Pensei que tinha desmaiado, mas o quarto não deixaria isso acontecer. Eu apenas queria que isso terminasse. Eu estava de lado, meus olhos bem apertos e a coisa olhando pra mim. No chão na minha frente estava correndo um dos ratos de brinquedo do segundo quarto. A casa estava brincando comigo. Mas por alguma razão, ver esse rato fez a minha mente voltar de onde quer que ela estivesse, e olhar ao redor do quarto. Eu sairia de lá. Estava determinado a sair daquela casa e nunca mais pensar sobre ela novamente. Eu sabia que esse quarto era o inferno e não estava pronto para ficar lá. No começo apenas meus olhos se moviam. Eu procurava nas paredes por qualquer tipo de abertura. O quarto não era muito grande, então não demorou muito para que eu checasse tudo. O demônio continuava zombando de mim, a voz cada vez mais alta como a coisa parada lá. Coloquei minha mão no chão e fiquei de quatro, e voltei a explorar a parede atrás de mim. Então eu vi algo que eu não podia acreditar. A coisa estava agora diretamente nas minhas costas, sussurrando como eu não deveria ter vindo. Eu senti sua respiração na minha nuca, mas me recusei a me virar. Um grande retângulo foi riscado na madeira, com um pequeno entalhe no meio dele. E bem em frente aos meus olhos eu vi um 7 que eu tinha inconscientemente feito na parede. Eu sabia o que era. Quarto 7 estava bem onde o quarto 5 estava a momentos atrás.

Eu não sabia como eu tinha feito aquilo, talvez tenha sido apenas o meu estado no momento, mas eu tinha criado a porta. Eu sabia que tinha. Na minha loucura eu tinha riscado na parede o que eu mais precisava, uma saída para o próximo quarto. O quarto 7 estava perto. Eu sabia que o demônio estava bem atrás de mim, mas por alguma razão, ele não conseguia me tocar. Fechei meus olhos e coloquei ambas as mãos no grande 7 na minha frente. E empurrei. Empurrei o mais forte que pude. O demônio agora gritava nos meus ouvidos. Ele e dizia que eu nunca iria embora. Me dizia que esse era o fim, mas que eu não iria morrer, eu iria ficar lá no quarto 6 com ele. Eu não iria. Empurrei e gritei com todo o meu fôlego. Eu sabia que alguma hora eu iria atravessar a parede. Cerrei meus olhos e gritei, e então o demônio se foi. Eu fui deixado no silêncio. Me virei lentamente e fui saudado com o quarto estando como estava quando eu entrei, apenas uma cadeira e uma lâmpada. Eu não podia acreditar nisso, mas não tive tempo de me habituar. Me virei para o 7 e pulei levemente para trás. O que eu vi foi uma porta. Não a que eu tinha riscado lá, mas uma porta normal com um grande 7 nela. Todo o meu corpo tremia. Me levou um tempo para girar a maçaneta. Eu apenas fiquei lá, parado por um tempo, encarando a porta. Eu não podia ficar no quarto 6, não podia. Mas se isso foi apenas o quarto 6, não conseguia imaginar o que me aguardava no 7. Devo ter ficado lá por uma hora, apenas olhando para o 7. Finalmente, respirei fundo e girei a maçaneta, abrindo a porta para o quarto 7.

Cambaleei através da porta mentalmente exausto e fisicamente fraco. A porta atrás de mim se fechou, e eu me toquei de onde estava. Eu estava fora. Não fora como no quarto 5, eu estava realmente lá fora. Meus olhos ardiam. Eu queria chorar. Cai de joelhos e tentei, mas não consegui. Eu estava finalmente fora daquele inferno. Nem sequer me importava com o prêmio que foi prometido. Me virei e vi que porta que eu tinha acabado de atravessar era a entrada. Andei até o meu carro e dirigi para casa, pensando em o quão bom seria tomar um banho.

Assim que cheguei em casa, me senti desconfortável. A alegria de deixar a Casa Sem Fim tinha sumido, e um temor crescia lentamente em meu estômago. Parei de pensar nisso e fiz meu caminho para a porta da frente. Entrei e imediatamente subi para o meu quarto. Eu entrei lá e na minha cama estava meu gato Baskerville. Ele foi a primeira coisa viva que eu vi aquela noite, e fui fazer carinho nele. Ele sibilou e bateu na minha mão. Recuei em choque, ele nunca tinha agido assim. Eu pensei "tanto faz, ele é um gato velho". Fui para o banho e me aprontei para o que eu esperava ser uma noite de insônia.

Depois do meu banho, fui cozinhar algo. Desci as escadas e me virei para a sala de estar, e vi o que ficaria para sempre gravado em minha mente. Meus pais estavam deitados no chão, nus e cobertos de sangue. Foram mutilado ao ponto de estarem quase identificáveis. Seus membros foram removidos e colocados do lado dos seus corpos, e suas cabeças em seus peitos, olhando para mim. A pior parte eram suas expressões. Eles sorriam, como se estivessem felizes em me ver. Vomitei e comecei a chorar lá mesmo. Eu não sabia o que tinha acontecido, eles nem sequer moravam comigo. Eu estava confuso. E então eu vi. Uma porta que nunca esteve lá antes. Uma porta com um grande 8 riscado com sangue nela.

Eu continuava na casa. Estava na minha sala de estar, mas ainda assim, no quarto 7. O rosto dos meus pais sorriram mais assim que eu percebi isso. Eles não eram meus pais, não podiam ser. Mas pareciam exatamente como eles. A porta marcada com um 8 estava do outro lado, depois dos corpos mutilados na minha frente. Eu sabia que tinha que continuar, mas naquele momento eu desisti. Os rostos sorridentes acabaram comigo, me seguravam lá onde eu estava. Vomitei novamente e quase entrei em colapso. E então, o zumbido voltou. Estava mais alto do que nunca, enchia a casa e tremia as paredes. O zumbido me obrigou a andar. Comecei a andar lentamente, indo em direção a porta e aos corpos. Eu mal conseguia ficar em pé, ainda mais andar, e quanto mais perto eu ia dos meus pais, mais perto do suicídio eu estava. As paredes agora tremiam tanto que parecia que desmoronariam, mas ainda assim os rostos sorriam para mim. Cada vez que eu me movia, os olhos me seguiam. Agora eu estava entre os dois corpos, a alguns metros da porta. As mãos desmembradas rastejaram em minha direção, o tempo todo os rostos continuavam a me olhar fixamente. Um novo terror tomou conta de mim e eu andei mais rápido. Eu não queria ouvir eles falarem. Não queria que as vozes fossem iguais a dos meus pais. Eles começaram a abrir suas bocas, e agora as mãos estavam a centímetros dos meus pés. Em um movimento desesperado, corri até a porta, a abri, e bati com ela atrás de mim. Quarto 8.

Eu estava farto. Depois do que acabara de acontecer, eu sabia que não tinha mais nada que essa porra de casa pudesse ter que eu não pudesse sobreviver. Não havia nada além do fogo do inferno que eu não estava preparado. Infelizmente eu subestimei as capacidades da Casa Sem Fim. Infelizmente, as coisas ficaram mais perturbadoras, mais terríveis e mais indescritíveis no quarto 8.

Eu continuo tendo dificuldade me acreditar no que eu vi na sala 8. De novo, o quarto era uma cópia do quarto 6 e 4, mas sentado na cadeira normalmente vazia, estava um homem. Depois de alguns segundos de descrença, minha mente finalmente aceitou o fato de que o homem sentado lá era eu. Não alguém que parecia comigo, ele era David Williams. Me aproximei. Eu tinha que dar uma olhada melhor, mesmo tendo certeza disso. Ele olhou para mim e notei lágrimas em seus olhos.

"Por favor.... por favor, não faça isso. Por favor, não me machuque."

"O que?" Eu disse. "Quem é você? Eu não vou te machucar."

"Sim, você vai" Ele soluçava agora. "Você vai me machucar e eu não quero que você faça isso." Ele colocou suas pernas para cima na cadeira e começou a se balançar para frente e para trás. Foi realmente bem patético de olhar, principalmente por ele ser eu, idêntico em todos os sentidos.

"Escute, quem é você?" Eu estava agora apenas a alguns metros do meu doppelganger. Foi a mais estranha experiência que eu tive, estar lá falando comigo mesmo. Eu não estava assustado, mas ficaria logo. "Por que você-?"

"Você vai me machucar, você vai me machucar, se você quer sair você vai me machucar"

"Por que você está falando isso? Apenas se acalme, certo? Vamos tentar entender isso e-" E então eu vi. O David sentado lá estava usando as mesmas roupas que eu, exceto por uma pequena mancha vermelha bordada em sua camisa com um número 9"

"Você vai me machucar, você vai me machucar, não, por favor, você vai me machucar..."

Meus olhos não deixaram o pequeno número no seu peito. Eu sabia exatamente o que era. As primeiras portas foram simples, mas depois elas ficaram mais ambíguas. 7 foi arranhada na parede pelas minhas próprias mãos. 8 foi marcada com o sangue dos meus pais. Mas 9 - esse número era uma pessoa, uma pessoa viva. E o pior, era uma pessoa que parecia exatamente comigo.

"David?" Eu tive que perguntar.

"Sim... você vai me machucar, você vai me machucar..." Ele continuo a soluçar e a se balançar. Ele respondeu ao David. Ele era eu, até a voz. Mas aquele 9. Eu andei por alguns minutos enquanto ele chorava em sua cadeira. O quarto não tinha nenhuma porta, e assim como o 6, a porta da qual eu vim tinha sumido. Por alguma razão, eu sabia que arranhar não me levaria a nenhum lugar dessa vez. Estudei as paredes e o chão em volta da cadeira, abaixando a minha cabeça e vendo se tinha algo embaixo dela. Infelizmente, tinha. Embaixo da cadeira tinha uma faca. Junto com ela tinha uma nota onde se lia: Para David - Da Gerência.

A sensação em meu estômago quando eu li a nota foi algo sinistro. Eu queria vomitar, e a última coisa que eu queria fazer era remover a faca debaixo da cadeira. O outro David continuava a soluçar incontrolavelmente. Minha mente girava em volta de questões sem respostas. Quem colocou isso aqui e como sabiam meu nome? Sem mencionar o fato de que eu estava ajoelhado no chão frio e também estava sentado naquela cadeira, soluçando e pedindo para não ser machucado por mim mesmo. Isso tudo era muito para processar. A casa e a gerência estavam brincando comigo esse tempo todo. Meus pensamentos, por alguma razão, foram para Peter, e se ele chegou tão longe ou não. E se ele chegou, se ele conheceu um Peter Terry soluçando nesta cadeira, se balançando para frente e para trás. Eu expulsei esses pensamentos da minha cabeça, eles não importavam. Eu peguei a faca debaixo da cadeira e imediatamente o outro David se calou.

"David," ele disse na minha voz, "o que você pensa que vai fazer?"

Me levantei do chão e apertei a faca na minha mão.

"Eu vou sair daqui."

David continuava sentado na cadeira, mas estava bem calmo agora. Ele olhou pra mim com um sorriso fraco. Eu não sabia se ele iria rir ou me estrangular. Lentamente ele se levantou da cadeira e ficou de frente para mim. Era estranho. Sua altura e até a maneira que ele estava eram iguais a mim. Eu senti o cabo de borracha da faca na minha mão e apertei ela mais forte. Eu não sabia o que planejava fazer com isso, mas sentia que eu ia precisar dela.

"Agora" sua voz era um pouco mais profunda que a minha. "Eu vou te machucar. Eu vou te machucar e eu vou te manter aqui" Eu não respondi. Eu apenas o ataquei e o segurei no chão. Eu tinha montado nele e olhei para baixo, faca apontada e preparada. Ele olhou para mim apavorado. Era como se eu estivesse olhando para um espelho. E então, o zumbido retornou, baixo e distante, mas ainda assim eu o sentia no meu corpo. David olhou mim e eu olhei para mim mesmo. O zumbido foi ficando mais alto, e eu senti algo dentro de mim se romper. Com apenas um movimento, eu enfiei a faca na marca em seu peito e rasguei. A escuridão inundou o quarto, e eu estava caindo.

A escuridão em volta de mim era diferente de tudo que eu já tinha experimentado até aquele ponto. O Quarto 3 era escuro, mas não chegou nem perto dessa que tinha me engolido completamente. Depois de um tempo, eu não tinha nem mais certeza se continuava caindo. Me sentia leve, coberto pela escuridão. E então, uma tristeza profunda veio até mim. Me senti perdido, deprimido, suicida. A visão dos meus pais entrou na minha mente. Eu sabia que não era real, mas eu tinha visto aquilo, e a mente tem dificuldades em diferenciar o que é real e o que não é. A tristeza só aumentava. Eu estava no quarto 9 pelo que parecia dias. O quarto final. E era exatamente o que isso era, o fim. A Casa Sem Fim tinha um final, e eu tinha alcançado isso. Naquele momento, eu desisti. Eu sabia que eu estaria naquele estado pra sempre, acompanhado por nada além da escuridão. Nem o zumbido estava lá para me manter são. Eu tinha perdido todos os sentidos. Não conseguia sentir eu mesmo. Não conseguia ouvir nada, a visão era inútil aqui, e eu procurei por algum gosto na minha boca e não achei nada. Me senti desencarnado e completamente perdido. Eu sabia onde eu estava. Isso era o inferno. O Quarto 9 era o inferno. E então aconteceu. Uma luz. Uma dessas luzes estereotipadas no fim do túnel. Então eu senti o chão vir até mim, eu estava em pé. Depois de um momento ou dois para reunir meus pensamentos e sentidos, eu andei lentamente em direção a essa luz.

Assim que eu me aproximei da luz, ela tomou forma. Era uma luz saindo da fenda de uma porta, dessa vez sem nenhuma marca. Eu lentamente andei através da porta e me encontrei de volta onde eu comecei, no lobby da Casa Sem Fim. Estava exatamente como eu deixei. Continuava vazia, continuava decorada com enfeites infantis de Halloween. Depois de tudo o que aconteceu aquela noite, eu continuava desconfiado de onde eu estava. Depois de alguns momentos de normalidade, eu olhei em volta tentando achar qualquer coisa diferente. Na mesa estava um envelope branco com o meu nome escrito nele. Muito curioso, mas a
inda assim cauteloso, juntei coragem para abrir o envelope. Dentro estava uma carta escrita à mão.

David Williams,

Parabéns! Você chegou ao final da Casa Sem Fim! Por favor, aceite esse prêmio como um símbolo da sua grande conquista.

Da sua eterna,
Gerência

Junto com a carta, tinham cinco notas de 100 dólares.

Eu não conseguia parar de rir. Eu ri pelo que pareceram horas. Eu ri enquanto andava até o carro e ri enquanto dirigia pra casa. Eu ri enquanto estacionava o carro na minha garagem, ri enquanto abria a porta da frente da minha casa e ri quando vi um pequeno 10 gravado na madeira.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Sobre o autor

Meu nome é Thayna, estudo no Colégio Souza Gouveia e como você deve ter lido no texto acima EU SIMPLISMENTE AMO CREEPYPASTAS. Minhas Creepys favoritas são : Jeff The Killer, A Casa Sem Fim e The Rake.                                                                    Não, não e só porque sou uma garota, e que minha Creepypasta favorita seja Jeff The Killer, significa que eu sou essas meninas que ficam de mimimi sobre o Jeff.                                                                                                                                                                                         Cara, e triste saber que uma hístoria tão incrível de terror acaba se tornando assuntos e títulos de fanfic.                                                      Bom, é Isso, nós encontramos depois. Vlw, Flw, E Noís ;)